terça-feira, 2 de abril de 2013

Greve no Açu


A manifestação desta manhã é basicamente com os trabalhadores da empresa espanhola Acciona que presta serviços nas obras do porto e do estaleiro da OSX no Complexo do Açu.

A Acciona começou a prestar serviços para o grupo EBX, através da construção de estruturas de diques, através do equipamento Kugira que, incialmente ficou baseado no Porto do Forno, no município de Arraial do Cabo, de onde as peças fabricas foram transportadas (arrastadas) pelo mar até o Açu.

Após estes primeiros trabalhos a empresa cogitou de trazer o equipamento Kugira para o Açu. Trouxe seus técnicos, alugou diversos partamentos em Campos para técnicos espanhóis, e providenciaram a construção de alojamento no Açu, para contratação de funcionários menos especializados.

Neste meio tempo, a empresa, começou paulatinamente a assumir serviços de engenharia que eram de outras empresas, como a ARG, e mesmo os contratos de novas construções tanto no porto (LLX), quanto no estaleiro (OSX).

Até o serviço de extração de pedras na Pedreira no morro do Itaóca em Campos e transportes em enormes caminhões passou a ser feito pela empresa espanhola.

Neste meio tempo, a contratação de funcionários vindo de Minas e do Nordeste, além de trabalhadores da região se intensificou. Por conta disso, trabalhadores quarteirizados de outras empresas foram sendo alojados em diferentes pontos da região.


Alojamento da Acciona no Açu

Em novembro do ano passado, o Ministério Público do Trabalho flagrou condições inadequadas de alojamento, em pousada no balneário de Grussaí. (Veja aqui e aqui).

A seguir a Acciona concluiu seu alojamento no Açu com enormes 15 pavilhões com capacidade para hospedagem de cerca de 2 mil trabalhadores. (vide imagem ao lado)

Em fevereiro deste ano, trabalhadores já acomodados no alojamento do Açu reclamavam das condições, da alimentação e desentendimentos entre eles e segurança foram responsáveis por um incêndio. (vide aqui)

No dia 12 de março de 2013, em audiência pública para debater o plano diretor de SJB, o prefeito Neco disse que caçaria a licença ou não permitiria a instalação de alojamentos com capacidade maior que 300 trabalhadores e com distância inferior a 5 quilômetros um do outro. (vide aqui)

O Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil diz que diversos comunicados solicitação atendimento às reclamações sobre pagamentos atrasados; alimentação ruim; plano de saúde; trabalho noturno sem hora de descanso, desvio de função, etc. foram sistematicamente ignorados.

A paralisação de hoje que envolve ainda trabalhadores de outras empresas quarteirizados pela Acciona, é consequência deste processo. As reivindicações parecem básicas demais e incompreensivelmente postergadas, diante de um empreendimento que se propõe a ser um dos maiores estruturas de logística, tipo porto-indústria da América do Sul.

Está marcada para 16 horas uma reunião das lideranças dos trabalhadores da Acciona e do Sindicato do Trabalhadores em Campos, possivelmente, com a presença de representantes da empresa.

PS.: Atualizado às 13:22: O blog foi informado que todas as portarias de acesso ao Complexo do Açu estão fechadas. A comunicação é precária. A única operadora que é acessada é a Vivo e durante toda a manhã apresentou problemas, em função também da falta de energia na localidade do Açu. A fonte diz que muitos trabalhadores estão agora retornando para casa e alojamentos, de motos, caronas e/ou carros, já que os ônibus ficaram retidos nos pontos das manifestações.

PS.: Atualizado às 14:08: Como se viu acima a pauta dos trabalhadores da Acciona que atuam no Açu tem diversos pontos, mas o "X" da greve é atraso de salário mesmo.