Não há no mundo, seja do lado progressista, seja do lado dos reacionários liberais, aqueles que defendam que as estruturas logísticas sejam prescindíveis a dinâmica de qualquer economia ou sistema econômico.
Produziu, tem que embarcar, andar, trocar de lugar. Esta lógica, inclusive, é anterior ao capitalismo, embora tenha sido este modo de produção que elevou a categoria logística de meio a quase fim em si mesmo.
Em relação ao dinheiro, o capitalismo conseguiu driblar a barreira física, com o advento da informação telemática.
Já no que tange as mercadorias, ainda não inventaram o teletransporte.
Por isto a importância de portos, aeroportos e outras plataformas modais.
São temas estratégicos, e como tais, não podem ser tratados como foi o caso do Porto do Açu.
Um erro de avaliação grave do governo Lula, mantido como erro no governo Dilma.
Engolimos a tese da superioridade do setor privado, sua agilidade e eficiência, gerenciados pela mão invisível do mercado.
Um desastre.
Se compararmos a manobra grandiosa ESTATAL que foi pesquisar e explorar as reservas do pré-sal em 07 anos, quando a média do setor privado petroleiro é de 10 a 15 anos, com a construção de um Porto, embora sejam processos diferentes, mesmo assim dá pena dos que ainda defendem a tese da superioridade privada.
Por mais gigantesco e ousado que seja seu conceito, e no caso do Açu, nem foi tanto assim, porque boa parte de seu fracasso foi não avaliar, inclusive, que o sistema porto-indústria estaria fadado ao fracasso pela nova conformação das plantas menores (fragmentadas e de ciclo completo) do sistema siderúrgico, por exemplo.
O Porto do Açu é um monstro de equívocos:
Desapropriações enganosas, com tensão social grave.
Impactos ambientais severos e resultado de arrogância e incapacidade técnica de previsão.
Frouxidão e "pressa" dos órgãos locais e estaduais de licenciamento, revelando a nefasta pressão que o capital faz sobre o setor público e a regulação estatal.
Fracasso de execução.
Fracasso no trato trabalhista.
Como sempre, os agentes privados parecem "forçar" a mão para que o Erário os socorra.
O episódio da Acciona não pode ser apenas debitado na conta da cínica ineficiência, admitida em nota distribuída a sociedade, embora boa parte seja isto mesmo: Trabalhadores e direitos? Ora, fodam-se!
Mas é mais que isto. Começou um novo jogo, ou seja, deteriorar tudo, aumentar o passivo social e econômico a tal ponto, que o sócio estatal seja obrigado a intervir para evitar danos maiores.
Já dissemos: O porto é fundamental, mas o governo federal, os órgãos judiciais e de fiscalização têm a obrigação de causar reparações severas para serem pagas pelo patrimônio dos aventureiros, caso sejamos (nós, os contribuintes) chamados a pagar a conta!