A matéria abaixo, produzida pela Bloomberg e repercutida pelo Valor Econômico, demonstra, mais uma vez, a situação difícil em que se encontra o empresário Eike Batista que acumulou empréstimos bilionários como pessoa física para turbinar os seus negócios, dando ações das empresas da franquia "X" como garantia.
O elemento mais crítico dessa situação é o acúmulo de uma dívida de R$ 15,8 bilhões num momento em que o valor das ações das empresas "X" vem uma constante descendente.
Um outro aspecto que a matéria esclarece é sobre a razão da desconfiança dos operadores do mercado em relação às empresas "X". Até agora o principal motivo apontado era a performance abaixo do prometido por Eike em suas midiáticas aparições com ou sem as famosas apresentações de Powerpoint. O aspecto que agora é explicitado é exatamente a questão da capacidade ou não de Eike de honrar suas dívidas com o Itaú Unibanco, Bradesco e o BTG Pactual. Qualquer um que já teve de pagar dificuldades empréstimos bancários sabe a pressão que Eike Batista deve estar sofrendo neste momento. Afinal suas dívidas não são como os consignados que os bancos oferecem a pessoas mortais que não conseguem sobreviver com seus parcos salários de servidores públicos, por exemplo.
Agora, o risco que todos corremos é que vendo Eike Batista em tamanha dificuldade, o BNDES e os fundos de pensão estatais sejam utilizado para ampliar a operação "vamos salvar Eike".
Em suma, hoje pode ser a MP(X), amanhã sabe-se lá qual "X" será.
Eike pode vender fatia na MPX para elevar garantias de empréstimos
O empresário Eike Batista está perto de vender uma fatia na MPX Energia, pois enfrenta a demanda de credores para elevar a garantia, afirmam pessoas com conhecimento direto sobre o assunto.
Entre os maiores credores de Batista estão o Itaú Unibanco Holding, com cerca de R$ 5,5 bilhões (US$ 2,8 bilhões) em empréstimos, disseram duas fontes, que pediram para não ser identificadas porque o assunto é particular. Batista também tomou empréstimos de R$ 4,8 bilhões do Banco Bradesco e R$ 1,6 bilhão do Grupo BTG Pactual, sem contar uma linha de crédito de US$ 1 bilhão que o BTG concedeu neste mês, afirmam as pessoas.
Batista, de 56 anos, usou ações das companhias abertas como garantia para empréstimos que ajudaram a construir seu império de commodities e negócios de petróleo, disseram as fontes. As ações da petrolífera OGX caíram 8% em 2012, e Batista tenta reduzir os requerimentos de garantia ao vender ativos para pagar a dívida, segundo pessoas próximas ao assunto.
“Uma grande parte da desconfiança dos investidores advém do fato que Eike pode ser forçado a cobrir as dívidas do grupo”, disse Leonardo Brito, analista do fundo de risco Teórica Investimentos, em entrevista por telefone. “As dúvidas sobre o grupo continuam.”
Prejuízo
A dívida líquida das seis empresas de capital aberto de Batista mais que triplicou em 2012, para R$ 15,8 bilhões combinados, segundo dados da Bloomberg. As companhias registraram um prejuízo de R$ 1,68 bilhão nos primeiros nove meses de 2012, diante da incapacidade de atingir metas e do aumento de custos.
“Projetos de infraestrutura, tais como estão sendo desenvolvidos pelo grupo, são de capital intensivo e exigem, necessariamente, um financiamento de longo prazo”, disse a EBX em nota enviada por e-mail.
O corte de projeções para o negócio de petróleo de Batista em junho levou à queda de preço das ações das companhias de capital aberto. Com a baixa do valor dos papéis, também diminuiu o valor das garantias. Os bancos pedem mais garantias para manter a exposição às holdings de Batista sob os níveis de tolerância de risco, disseram as pessoas, acrescentando que alguns dos bancos também são obrigados a vender as ações que possuem, contribuindo para as desvalorizações.
(Bloomberg)