O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil em Campos, José Eulálio, admitiu que o clima é de apreensão entre os trabalhadores por conta das demissões que vêm se sucedendo nas obras do Superporto do Açu, litoral de São João da Barra. Segundo ele, hoje haverá uma reunião fechada, às 9h, na sede da entidade, com representantes das empreiteiras que atuam no megaempreendimento, para prestarem informações do que realmente está acontecendo em relação à força de trabalho no local.
No balanço sobre demissões ocorridas desde março, feito há algumas semanas, o sindicato informara, à época, que as dispensas chegavam a 1.560 trabalhadores, dos cerca de 8 mil que estavam atuando até então. Um acordo foi firmado entre as empresas, Ministério do Trabalho e o sindicato, para que as demissões não ultrapassassem 40, mas, assim mesmo, a cada 15 dias.
Segundo José Eulálio, ontem também houve reunião dos representantes das empreiteiras com os responsáveis pelas obras do Superporto. Esta semana, surgiram especulações sobre a possibilidade de as obras da Unidade de Construção Naval (UCN), sob responsabilidade da OSX, serem interrompidas, mas o dirigente sindical afirmou não ter sido informado oficialmente de nada a respeito. Segundo disse, se as obras do estaleiro forem interrompidas, “seria o mesmo que jogar tudo que foi feito no lixo”. Eulálio justificou a afirmação dizendo que a não interrupção ocorreria por questões técnicas.
Ao ser questionada sobre a possibilidade de haver mais demissões no projeto, a assessoria da OSX se limitou a enviar nota para a redação: “Conforme divulgado em Fato Relevante pela OSX em 17 de maio, o novo Plano de Negócios da companhia prevê o faseamento das obras de implantação do estaleiro do Açu, tendo em vista a atual carteira de encomendas da companhia e o cenário do mercado no país. Diante deste faseamento, estão sendo realizadas adequações no quadro de colaboradores próprios e de terceiros alocados na construção do empreendimento”, informa a nota, que completa: “As obras e equipes necessárias para a execução dos projetos em carteira nesta primeira fase do estaleiro permanecem trabalhando normalmente. A companhia reafirma a sua percepção quanto ao valor estratégico do projeto original do estaleiro e reafirma sua expectativa de que as medidas que ora são adotadas preservam o objetivo de concluir a construção do empreendimento no longo prazo, mediante novas demandas e investimentos de capital correspondentes”.
Cilênio Tavares