Nós, agricultores do 5º distrito de São João da Barra, estamos sendo ameaçados por terceiros, dizendo que devemos sair imediatamente de nossas casas, abandonarmos as nossas plantações e criações. Quando saímos do que é nosso, invadem nossas residências, retiram nossos bens e demolem nossas casas. Cortam cercas de arame para que nosso gado vagueie solto pelas estradas.
Os representantes da empresa, a que se diz dona de tudo, espalham, por cartazes e televisão, as abusivas contraprestações: uma pequena casa construída num total vazio, mas com internet, televisão, microondas e computador! Pasmem: Em troca de nossos alimentos? De nossos direitos? De nossa terra? Desses bens, não precisamos, nem reivindicamos.
Os pretensos proprietários querem que saiamos em nome dessa condição que dizem ter. Ironicamente, alegam direitos! Mas que direitos, se os nossos não são respeitados? Direito e propriedade no Brasil só existem para os ricos e poderosos?
A luta é nossa. Afinal, a cada dia, a imprensa anuncia que vem se instalar mais uma grande empresa no tal complexo. Mas em que terra? Hoje somos nós os ameaçados. Amanhã e depois, quantos mais? Vamos nos unir e lutar. Esta não é uma terra sem lei. Pelo contrário, sempre respeitamos os direitos de todos. Devemos deixar ensinamentos de dignidade para nossos filhos, como recebemos de nossos pais.
ASPRIM, MPA, CPT, UFF, Diocese de Campos, Comitê de Combate ao Trabalho Escravo.
