quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Desenvolvimento para quem cara pálida?


Trazemos aqui duas análises do Prof. Dr. Alcimar das Chagas Ribeiro (UENF) sobre os últimos números referentes aos empregos gerados em São João da Barra. Os dados apresentados pelo professor Alcimar Ribeiro são bastante desmistificadores da ideologia desenvolvimentista propagada aos quatro ventos pelas prefeituras e mídias locais. Ao invés de gerar empregos, muitos postos de trabalho foram fechados, sendo que o setor que mais sofreu foi a agropecuária, fruto da insegurança generalizada causada pelas ações truculentas promovidas pelo Governo do Rio, EBX, PM e Cia.


Em São João da Barra foram gerados  1.075 postos de trabalho em 2011, sendo que 944 (87,81%) deles foram gerados só na construção civil. Desse montante 50% foram ocupados por pessoas vindas de outros estados. O professor Alcimar Ribeiro salienta que esses empregos são temporários, já que quando as obras de construção forem concluídas essas ocupações desaparecerão. Então resta a pergunta: quem se beneficiou dos investimentos no Porto do Açu?



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Reflexos dos investimentos do porto do Açu no emprego dos setores de comércio e agropecuário em São João da Barra


Os pesados investimentos na construção do porto do Açu e a movimentação de empresas e pessoas em função do mesmo projeto, não impactaram o comércio nem agropecuária local. A tabela ao lado apresenta os saldos de emprego total, no comércio e na agropecuária nos anos de 2007 a 2011.

Percentualmente, observa-se um declínio da participação do comércio no emprego total. Em 2007 o emprego no comércio representava 20,73% do total, participação que cai para 12,23% em 2008, cai bruscamente para 4,18% em 2009, avança para 10,89% em 2010 e despenca para 3,63% em 2011. Os saldos em termos absolutos confirmam a tese de fragilidade do comércio frente a onda de investimentos.
na atividade agropecuária, a situação ainda é pior, ou melhor, lamentável. O município apresenta um saldo negativo no período, ou seja, o setor destruiu 37 empregos no período observado. Este é o quadro real por trás dos discursos "nunca fizeram tanto para agricultura como fizemos"; "como medida compensatório do porto, vamos investir no fortalecimento da agricultura familiar"; "firmamos convênio com a UFRRJ para desenvolver a agricultura", etc. Enfim, estes são os resultados.

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O emprego por setor de atividade em 2011 no município de São João da Barra


A decomposição do saldo de emprego em 2011, por setor de atividade, no município de São João da Barra, explica a fragilidade do município no que diz respeito a capacidade de absorção das externalidades positivas, decorrentes dos investimentos no porto do Açu. Foram gerados 1.075 empregos líquidos em 2011, com forte concentração na construção civil, ou seja, 944 empregos neste setor ou 87,81% do total. Naturalmente, esses empregos estão relacionados as obras de construção do porto e não são sustentáveis, já que na fase de operação essas ocupações desaparecerão. Por outro lado, sabemos que aproximadamente 50% desses trabalhadores são de outras cidades ou Estados e, portanto, precisam enviar recursos para a suas familias.

O setor de serviços que aparece com um saldo de 127 empregos no ano, também está relacionado as atividades do porto e apresenta condição similar a discução anterior.

O setor de comércio, cuja expectativa de evolução era tida como certa, fechou o ano com um saldo de 39 empregos ou 3,63% do total. Realmente insignificante para um município que ampliou o seu quantitativo de pessoal empregado em torno de 2.500 indivíduos, o equivalente a uma taxa de 50%, além do ingresso de investimento da ordem de R$2,0 bilhões.

O setor agropecuário terminou o ano com um saldo negativo de 18 empregos e o setor da indústria de transformação gerou 20 empregos líquidos ou 1,86% do total.

Neste caso, resta a pergunta: Afinal, quem se beneficiou com os investimentos do porto do açu?